
A permacultura, concebida por Bill Mollison e David Holmgren, não é apenas uma ciência aplicada, mas uma filosofia de desenho que replica padrões e processos encontrados na natureza. Ao contrário de abordagens convencionais que fragmentam o ambiente e a sociedade, a permacultura propõe uma visão integrada, onde cada elemento desempenha múltiplas funções, criando um ciclo fechado de interdependências.
Desafia-nos a repensar a forma como vivemos, cultivamos, construímos e nos relacionamos com o mundo. Não é uma solução pronta, mas um convite para a transformação, onde cada escolha que fazemos reflete um compromisso profundo com a terra, com os outros e com o futuro.
CUIDADO COM A TERRA

Este princípio refere-se à preservação dos recursos naturais e ao cuidado com todos os seres vivos. A permacultura promove a regeneração dos ecossistemas, a conservação dos solos, da água e da biodiversidade, incentivando práticas que garantam o equilíbrio e a saúde dos sistemas naturais.
CUIDADO COM AS PESSOAS

O bem-estar humano é central na criação de sistemas sustentáveis. Este princípio defende ambientes que satisfaçam as necessidades das pessoas de forma justa, equilibrada e saudável. Fomenta comunidades resilientes, cooperativas e inclusivas, onde a interdependência é reforçada.
PARTILHA JUSTA

A importância da distribuição equitativa dos recursos e dos excedentes, promove a responsabilidade social e o respeito pelos limites dos sistemas. A gestão consciente dos recursos, evita o desperdício e redistribui o excedente para beneficiar a comunidade e o meio ambiente.

FLORESTAS DE IROKO E A PERMACULTURA
Na Florestas de Iroko, a permacultura é utilizada como sistema estratégico de desenho, capaz de ampliar significativamente a capacidade produtiva dos terrenos. Esta metodologia promove a regeneração do solo, a eficiência no uso da água e o favorecimento da biodiversidade, criando ecossistemas produtivos que se autorregulam com menor recurso a insumos externos.
A produtividade sustentável é uma constante e, ao mesmo tempo, compreende uma fonte diversificada de receitas. A redução dos custos operacionais, aliada à maximização dos recursos naturais, gera economias substanciais e um retorno financeiro contínuo, fruto de sistemas agrícolas e ecológicos que perduram no tempo. Esta abordagem garante um equilíbrio entre viabilidade económica e responsabilidade ambiental, oferecendo soluções de alto valor e impacto positivo para todos os envolvidos.
Inspira-nos a reavaliar como vivemos, cultivamos, construímos e nos conectamos com o mundo. Não é uma solução pré-definida, mas sim um convite à transformação, onde cada escolha que fazemos expressa um compromisso profundo com a terra, com os outros e com o futuro.


PRINCÍPIOS DA PERMACULTURA
OBSERVAR E INTERAGIR
A observação é a base de qualquer intervenção. Antes de implementar qualquer ação, é crucial realizar uma análise profunda do ambiente natural. Na Florestas de Iroko, a observação permite identificar padrões ecológicos e sociais, maximizando as características únicas de cada terreno. Esse processo assegura que as soluções propostas sejam profundamente enraizadas nas necessidades e capacidades do ambiente, promovendo uma intervenção sensível e de longo prazo. A interação contínua com o ecossistema permite ajustes precisos e eficazes ao longo do tempo, garantindo uma harmonização entre o projeto e a natureza.
CAPTAR E ARMAZENAR ENERGIA
A eficiência energética é um pilar dos sistemas sustentáveis. Nos projetos desenvolvidos pela Florestas de Iroko, implementa-se a captação de recursos naturais, como a energia solar, a água da chuva e os subprodutos resultantes das explorações, garantindor a autosuficiência dos sistemas. Ao armazenar e gerir estrategicamente esses recursos, as operações agrícolas mantêm-se produtivas mesmo em períodos de escassez, assegurando resiliência e estabilidade a longo prazo.
OBTER RENDIMENTO
A obtenção de rendimento, constitui uma diretriz fundamental para a viabilidade dos projetos. No contexto da Florestas de Iroko, os sistemas são projetados para maximizar a produção de alimentos, matérias-primas e outros recursos, garantindo retorno financeiro e ecológico consistente. Esta abordagem promove o equilíbrio entre a exploração económica e a sustentabilidade, assegurando que as operações agrícolas sejam tanto produtivas quanto regenerativas. A diversificação de rendas, é um resultado natural da applicação deste princípio.
APLICAR A AUTO-REGULAÇÃO E ACEITAR FEEDBACK
A autorregulação e a capacidade de ajustar o sistema com base em dados empíricos, são essenciais para o sucesso a longo prazo. Na Florestas de Iroko, utiliza-se a monitorização contínua dos parâmetros produtivos e ambientais, permitindo adaptações rápidas e eficazes aos desafios operacionais. A aceitação de feedback natural, por observação das respostas do ecossistema, assegura que os sistemas agrícolas evoluam de forma coerente com as condições externas, promovendo a estabilidade e o aumento da produtividade.
USAR E VALORIZAR RECURSOS RENOVÁVEIS
A exploração responsável de recursos renováveis é prioritária para a Florestas de Iroko. Os projetos são estruturados de modo a maximizar a utilização de fontes naturais de energia, matérias-primas e nutrientes, reduzindo a dependência de insumos externos não renováveis. Esta prática não só promove a sustentabilidade, mas também protege os ecossistemas agrícolas de danos a longo prazo, assegurando produtividade contínua e viabilidade económica.
NÃO PRODUZIR DESPERDÍCIO
O princípio da economia circular é rigorosamente aplicado em todos os projetos da Florestas de Iroko. Os resíduos gerados durante o processo produtivo são reaproveitados para criar novos recursos, seja através da compostagem, produção de biogás ou da reutilização de subprodutos agrícolas. Esta abordagem aumenta a eficiência do sistema, minimiza custos operacionais e reduz o impacto ambiental, assegurando um ciclo produtivo que maximiza a utilização de todos os elementos disponíveis.
PROJETAR DOS PADRÕES AOS DETALHES
Os projetos da Florestas de Iroko são desenvolvidos com base numa análise holística dos padrões ecológicos e sociais. A compreensão dos ciclos naturais e das interações entre os diferentes elementos, permite formular estratégias globais que, posteriormente, são ajustadas aos detalhes específicos de cada sistema. Este método, assegura que os projetos sejam estruturados de forma integrada e coerente, permitindo uma implementação eficiente que responde às necessidades e particularidades de cada ambiente.
INTEGRAR AO INVÉS DE SEGREGAR
A integração de todos os elementos no sistema, é uma prática fundamental para a criação de sinergias produtivas. Na Florestas de Iroko, plantas, animais e seres humanos são inseridos num sistema coeso, onde cada componente desempenha um papel complementar. Esta abordagem promove maior eficiência, aumentando a resiliência do sistema e reduzindo a necessidade de intervenção externa, maximizando a produtividade.
PLANEAMENTO DE SOLUÇÕES SIMPLES E LENTAS
A implementação gradual de mudanças é essencial para assegurar a adaptabilidade e estabilidade dos sistemas agrícolas. Na Florestas de Iroko, adota-se uma abordagem incremental, onde as soluções são testadas em pequena escala antes de serem expandidas. Este processo permite uma melhor gestão dos riscos e garante que os sistemas se desenvolvam de forma controlada, adaptando-se às condições locais e evitando perturbações súbitas ou prejudiciais. A sucessão ecológica é, desta forma, trabalhada minuciosamente, mimetizando os aspetos naturais dos ecossistemas.
UTILIZAR E VALIRIZAR A DIVERSIDADE
A diversidade biológica é um fator crítico para a resiliência e estabilidade dos sistemas produtivos. Nos projetos da Florestas de Iroko, a introdução de uma variedade de espécies vegetais e animais permite criar ecossistemas equilibrados, que são menos suscetíveis a pragas, doenças e mudanças climáticas. Esta prática não só assegura uma produção agrícola mais robusta, como também promove a regeneração e manutenção dos recursos naturais.
VALORIZAR O SILVESTRE
As zonas de transição, são áreas de elevada produtividade e biodiversidade. Na Florestas de Iroko, essas áreas são aproveitadas para maximizar os benefícios ecológicos e produtivos dos projetos. Elementos normalmente considerados marginais ou subutilizados são integrados de forma estratégica, permitindo uma utilização mais eficiente dos recursos disponíveis e aumentando a diversidade funcional dos sistemas.
Muitas das plantas silvestres, são benéficas e fundamentais para a regeneração de solos. Compreendemos que a germinação das chamadas “ervas-daninhas”, está associada às necessidades que o solo apresenta. Estas, mais tarde, darão lugar a outro tipo de matéria verde, mais produtiva, mais apelativa à vida animal e mais sustentável.
CRIATIVIDADE E REAJUSTE
A capacidade de adaptação é crucial para a sustentabilidade dos projetos da Florestas de Iroko. Diante de alterações climáticas, económicas ou sociais, os sistemas são projetados para serem flexíveis e responder criativamente aos novos desafios. Esta abordagem permite que os projetos se ajustem continuamente, mantendo-se produtivos e sustentáveis Num cenário de mudança constante, sem comprometer os recursos naturais ou a viabilidade económica.